A intervenção urbana é uma forma de arte cujo objetivo é interagir, de maneira criativa e poética, com o espaço cotidiano e as pessoas. As intervenções são capazes de reinventar, ainda que momentaneamente, novos sentidos ao espaço escolhido e suscitar novas percepções às pessoas.

7.11.14

Coletivo PI encerra primeira temporada da peça "O retrato mais que óbvio daquilo que não vemos"

Foto: Eduardo Bernardino
A primeira temporada da peça "O Retrato mais que óbvio daquilo que não vemos", do Coletivo PI, movimentou a Casa das Caldeiras e parte da região da Avenida Francisco Matarazzo, em São Paulo. Foram 16 apresentações em 2014 fruto do edital ProAC Primeiras Obras e do trabalho de uma grande equipe. Em 2015 teremos mais novidades. 


Clipping
Blogs Edison Veiga - Estadão: Um tour artístico



Programa da peça

O retrato mais que óbvio daquilo que não vemos (Programa do espetáculo. Coletivo PI, 2014) from Natalia Vianna


Matéria especial sobre a peça no Programa Mais Cultura - TV Cultura SP

20.10.14

Imaterial e Construção de Saberes: lançamento do livro nesta quinta

Exibindo utf-8''Convite imaterial e construcao.jpg


Nesta quinta feira (23) acontece o lançamento do livro Imaterial e construção de saberes, organizado por Leila Maria da Silva Blass.

O tema trata de diversas formas do fazer criativo - a poesia, a arte, a arquitetura - penetrado nestes universos de criação onde se mobilizam modos específicos do fazer e da produção de conhecimentos.

O lançamento será na Livraria Cortez, em Perdizes, a partir das 18h30.

Imaterial e construção de saberes
Leila Maria da Silva Blass (org.)
Educ (PUC/SP)

23 de outubro de 2014
A partir das 18h30
Livraria Cortez
Rua Bartira, 371 - Perdizes

19.9.14

Coletivo PI estreia peça teatral em São Paulo

 
No próximo domingo, dia 21, o Coletivo PI estreia a peça O retrato mais que óbvio daquilo que não vemos. O projeto tem incentivo do Edital da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, por  meio do Programa de Ação Cultural, o ProAc, e da  Associação Cultural Casa das Caldeiras, na qual o Coletivo PI faz residência artística por meio do edital “Obras em Construção” desde abril de 2013. 
A montagem tem como base propositora a especulação imobiliária e o conceito de “viver em segurança” nas grandes metrópoles. Na gênese do espetáculo tudo começa com o público sendo recepcionado por um corretor de imóveis que trata a todos como compradores em potencial e inicia um tour pela região e pela própria fábrica apresentando um novo conceito em moradia: O Complexo Sol Nascente.
O roteiro trata da vida agitada das grandes metrópoles, traz uma mulher comum, a personagem Norma, como fio-condutor e um empreendimento imobiliário como mote principal para colocar em evidência acontecimentos banais na aparente normalidade da vida cotidiana. O projeto brinca com realidade e ficção, tornando o público ora observador distante ora personagem da trama, o público se torna jogador/feitor de uma história que se faz a cada dia única.
A encenação tem inspirações teóricas de Michel Foucault e Zygmunt Bauman e propõe ao público uma imersão na arquitetura da região e no próprio organismo urbano, do qual somos partes.
O projeto prevê temporada de dois meses na cidade de São Paulo, com três apresentações semanais incluindo agenda de sessões fechadas para estudantes de Instituições de Ensino Superior e escolas de Arte.
O espetáculo O retrato mais que óbvio daquilo que não vemos será realizado em temporada totalmente gratuita na Casa das Caldeiras, sendo um espetáculo itinerante, partindo do espaço da Associação Cultural Casa das Caldeiras e caminhando pelas ruas da região, a acessibilidade do espetáculo compreende-se na mobilidade urbana.

FICHA TÉCNICA
Produção:  Coletivo PI
Concepção:  Natalia Vianna, Pâmella Cruz, Priscilla Toscano
Dramaturgia: Coletivo PI
Direção: Pâmella Cruz
Direção de Arte: Natalia Vianna
Trilha Sonora: Coletivo PI
Vídeo: Chai Rodrigues e Priscilla Toscano
Preparação Corporal: Marcello D’Ávilla
Assistentes de Produção: Jean Carlo Cunha e Mari Sanhudo
Contrarregragem: Matheus Felix, Rodrigo Spavanelli e Sandra Toscano
Assessoria  em  Arquitetura: Maria Carolina Braz
Assessoria de Imprensa e Comunicação: Luciana Gandelini
Elenco Douglas Torelli; Emanuela Araújo; Fernanda Pérez; Jean Carlo Cunha; Júlio Razec; Maira Meyer; Marcelo D’Avilla; Marcelo Prudente; Mari Sanhudo; Natalia Vianna; Pâmella Cruz; Priscilla Toscano; Thiago Camacho.
Locução do vídeo: Chai Rodrigues

INFORMAÇÕES SOBRE O ESPETÁCULO:
Público- Alvo: Pessoas acima de dezoito anos.
Quantidade por apresentação: 20 pessoas
Temporada: 21/09 a 28/10: Domingos, Segundas e Terças-feiras.
Horários: 20h (segundas e terças-feiras) e 20h30 (domingos)
Exceto: 23/09, 07/10, 14/10, 21/10 (terças-feiras)
Espetáculo Itinerante: Favor comparecer com roupas leves, bolsas e mochilas pequenas.
Local - Casa das Caldeiras Endereço: Avenida Francisco Matarazzo, 2000 - Água Branca, São Paulo - SP, 05001-200
ESTACIONAMENTO NO LOCAL

BANNER DA PEÇA

COMO CHEGAR A CASA DAS CALDEIRAS



27.8.14

Estreia do Documentário Entre Saltos em Campinas

Entre Saltos no Jardim Itatinga, Campinas. Foto divulgação
Vídeo gravado durante as performances estreia no Sesc Campinas, São Paulo.

O que está entre os saltos da mulher nos dias atuais? O documentário mostra a trajetória da performance Entre Saltos, produzida pelo Coletivo PI, de São Paulo, por quatro cidades do Brasil. Mulheres e homens de diversas idades, profissões e culturas discutindo, por meio da arte, as forças e formas que moldam a feminilidade na atualidade.

O documentário Entre Saltos foi desenvolvido dentro do projeto Entre Saltos, do Coletivo PI, São Paulo, vencedor do Prêmio Funarte Mulheres nas Artes Visuais 2013. A Performance se configura em um grupo de pessoas em coro caminhando com um salto no pé e outro na mão. Ao final do trajeto todos os sapatos utilizados na caminhada formam uma instalação na cidade.

Denise, representante da Associação das
 Mulheres Guerreiras
 
O vídeo Entre Saltos faz um panorama geral das quatro ações realizadas nas cidades de São Paulo/SP (fevereiro/2014), Campinas/SP (março/2014), Porto Alegre/RS (abril/2014) e Salvador/BA (maio/2014). A produção do Coletivo PI entrevistou participantes da Oficina de Intervenção Urbana e da Performance, parceiros das ações, como a representante da Associação das Mulheres Guerreiras de Campinas, Denise, que luta para que a prostituição de mulheres, homens e travestis seja regulamentada, e a artista plástica mexicana Ana Tereza Fernández, convidada especial para conceber as instalações dos sapatos ao final da performance. Os discursos expostos no vídeo vão além da cobertura documental do projeto. As provocações dos entrevistadores e as reflexões das participantes evocam questionamentos sobre a condição da mulher na sociedade e na arte: medos, preconceitos, desafios, alegrias, o lugar da mulher na atualidade e quem é a mulher contemporânea pelo ponto de vista de cada entrevistada. A primeira exibição do documentário será no Sesc Campinas, que apoiou a realização da performance no bairro Jardim Itatinga. A estreia será no próximo dia 29, sexta-feira, às 20h. A entrada é gratuita.

Documentário Entre Saltos
Duração: 48 minutos
Indicação: livre
Estreia: 29 de agosto (sexta-feira)
Local: Sesc Campinas. O vídeo será exibido no Teatro do Sesc Campinas
Endereço: R. Dom José I, 270 - Bonfim - Campinas - SP
Horário: 20h
Entrada gratuita


Teaser do documentário Entre Saltos

Por Chai Rodrigues

5.8.14

Literatura feminina será tema de quatro edições do Sarau do PI em 2015

Sarau do PI. Foto: divulgação
Série faz parte da programação de saraus da Casa das Rosas.

Qual é o espaço ocupado pelas mulheres no campo literário brasileiro contemporâneo? Quem são as mulheres que produzem a literatura brasileira hoje? E como se configura atualmente a representação do gênero feminino nas diferentes manifestações literárias (poesia, romance, drama)? A fim de buscar respostas para estes questionamentos e mostrar a produção artística feminina no campo da literatura é que o Coletivo PI fará quarto edições do Sarau do PI em 2015 com o tema "Literatura Feminina Contemporânea". O projeto é apoiado pelo edital Chamamento Público Poiesis 02/2014 - Proposta de Sarau Poético Casa das Rosas, Espaço Haroldo Campos de Poesia e Literatura. Serão quatro edições a partir de março do próximo ano. Cada sarau possui um tema: poesia e crônica; literatura de periferia; dramaturgia e literatura erótica. O projeto também abrange apresentações artísticas, estabelecendo diálogos entre a escrita de autoras brasileiras e cenas, músicas, performances, produções visuais e audiovisuais.

"O sarau proposto neste edital foi motivado pelas últimas pesquisas do Coletivo PI sobre as questões da construção de gênero e a produção literária e artística de mulheres. O projeto visa o diálogo entre a literatura feminina contemporânea brasileira com ações artísticas que se relacionam com a produção literária. Assim, o sarau integrará autoras brasileiras dentro do cenário contemporâneo com artistas e coletivos que trabalham com a temática do feminino". Afirma Pâmella Cruz, diretora do Coletivo PI em conjunto com Priscilla Toscano.

Cada sarau será centralizado em um tema dentro do eixo central. Assim, a cada edição a produção literária de três autoras distintas será recitada, lida, pensada. Na mesma linha temática, três trabalhos artísticos também irão compor cada edição do sarau, sendo um deles uma exposição ou performance do repertório do Coletivo PI. A proposição apresentada para o sarau é a criação desses cruzamentos entre a produção literária feminina atual em nosso país e as práticas artísticas, promovendo um sarau dinâmico em que palavras escritas se transformam em som, ação, imagem.

Dentro do cenário das letras brasileiras atual existe uma constante valorização e investigação da produção da mulher, apesar de muitos enfrentamentos que ainda vivenciamos em nossa sociedade, marcada por uma cultural de violência de gênero e de práticas cotidianas preconceituosas. O Sarau do PI: Literatura Feminina Contemporânea ampliará as discussões, promovendo encontros frutíferos ente arte, literatura e público.

O Sarau do PI é realizado desde 2009, possui cinco edições, sempre produzido pelo PI com recursos próprios e parcerias entre o Coletivo, produtores e artistas. Esta é a primeira vez que o Sarau é contemplado em um edital. A expectativa é que o primeiro sarau seja realizado em março de 2015 na Casa das Rosas, localizada na Avenida Paulista, São Paulo. Todos os encontros serão abertos ao público. A programação será divulgada futuramente aqui no site do PI.

1.7.14

Sutil e poético, livro do PORO é um conjunto da produção artística realizada de 2002 a 2010

Capa do livro Intervalo, respiro, pequenos
 deslocamentos – ações poéticas do Poro
Por meio do apoio do Programa Brasil Arte Contemporânea, da Fundação Bienal de São Paulo e do Ministério da Cultura, a dupla de artistas Brígida Campebell e Marcelo Terça-Nada! que forma o PORO, lançou em 2011 o livro que retrata o panorama da trajetória da dupla.

Trabalhos visivelmente voltados para uma experiência estética que procura produzir novas maneiras de perceber o cenário urbano e criar relações afetivas com a cidade que não a da objetividade funcional do cotidiano, está cada vez mais conquistando seu espaço. E é assim que o PORO realiza intervenções urbanas e ações efêmeras poéticas, irônicas e/ou de cunho político, questionando sobre os problemas das cidades e buscam apontar sutilezas, trazer à tona aspectos da cidade que se tornam invisíveis pela vida acelerada nos grandes centros urbanos, refletir sobre as possibilidades entre os espaços públicos e os espaços institucionais.

O livro se apresenta por tópicos, cada um devidamente traduzido para o inglês, e distribuídos no sumário: a apresentação fica por conta da dupla que forma o PORO, e daí por diante uma coleção de imagens com suas respectivas legendas contendo título do trabalho, ano e local de realização e breve descrição de como e com que material fazer. A estrutura do livro segue com textos breves de vários amigos-autores com olhares poéticos e formação de diferentes áreas e que de alguma forma estiveram envolvidos no processo de trabalho do PORO. São eles:

Insignificâncias: A política nas intervenções do PORO, por André Brasil
Azulejos de papel, por Anderson Almeida
PORO: Poesia para alguém, por Daniela Labra
Sobre a arte das pequenas coisas, por André Mesquita
Inúmero PORO, por Ricardo Aleixo
Poro: na linha dos olhos, por Daniel Toledo e Luiz Carlos Garrocho
Arquiteturas adesivas, por Renata Marquez e Wllington Cançado
Para PORO, por Newton Goto

As obras do PORO são compartilhadas não só com a cidade, mas também com qualquer pessoa que queira usá-las como referência ou mesmo reproduzi-las, como eles mesmos dizem: “Levar parte desses projetos a outros espaços e tempos, permitindo sua ressignificação ou servindo como referência para outros projetos e reflexões, além de possibilitar que mais pessoas possam experiência-lo”.

Espaços Virtuais, PORO.
Um dos trabalhos que mais chama a atenção é “espaços virtuais” que acontece desde 2002 em diversas cidades, trata-se de iconografia do chão das cidades. Este trabalho é composto por uma série de fotografias de bueiros, impressas em tamanho real em adesivos e coladas propositalmente em ambientes internos variados tais como chão de casas ou galerias. E o mais curioso é saber do fato, que infelizmente não está descrito no livro, mas que foi comentado no sétimo seminário nacional de pesquisa em arte e cultura visual na UFG/FAV em Goiânia, que estive presente representando o Coletivo PI e Marcelo Terça-Nada! representando o PORO, nos contou: “Em uma  ocupação de galeria que fizemos, houve uma manutenção do espaço e na abertura estávamos lá, e reproduzimos a figura de uma tampa de metal no espaço interno, a responsável pelo espaço disse a um funcionário: “Vocês não virão isso aqui? Como não pintaram essa tampa?”Acreditando piamente na dimensão do adesivo e justamente reparando naquilo que na rua passamos batido, ou seja, a intervenção atingiu sua idéia principal antes mesmo dos convidados chegarem no local. Idéias como essas são sacadas do PORO, que questionam situações do cotidiano que já não nos incomodam mais. Como citam nos seus comentários Daniel Toledo e Luiz Carlos Garrocho “... o virtual não deve ser entendido como oposto ao real, mas sim o atual”.

Os que se interessam em conhecer mais sobre o trabalho do PORO, além de admirar intervenções urbanas e ações efêmeras podem adquirir o livro por meio do site, livrarias ou mesmo baixá-lo na versão e-book e conhecer muito mais desses trabalhos.

Título: Intervalo, respiro, pequenos deslocamentos – ações poéticas do Poro
Organizadores: Brígida Campebell e Marcelo Terça-Nada!
Idiomas: português e inglês
Link do site oficial do POROporo.redezero.org
Link da versão digital do livro disponível - Ebookporo.redezero.org/publicacoes/ebook

Por Jean Carlo Cunha

8.6.14

Leve e claro, o livro Manual de Intervenção Urbana, de Eduardo Srur, mostra como lidar com a arte na ruas

Lançado em 2012, a obra mostra os principais trabalhos do artista paulista e seu processo de produção e repercussão.

Capa do livro Manual de
Intervenção Urbana
As utilizações das artes como Pintura, Escultura, Teatro, Dança, Cinema, Música, Literatura... desenvolveram diversos contornos, brechas e misturas ao longo do processo de modernização. Hoje, encaixar essas manifestações em um único nicho e também seus criadores tem se tornado cada vez mais difícil. O que se configura como positivo para os artistas mais contemporâneos e uma afronta para os mais conservadores. A partir da cidade de São Paulo, o artista Eduardo Srur cria diversas intervenções urbanas utilizando recursos das artes plásticas, arquitetura, escultura, performance entre outras expressões. Em 2012, suas principais obras, feitas durante 16 anos de carreira, foram reunidas no livro Manual de Intervenção Urbana, lançado pela Bei Comunicação.  

As primeiras páginas tratam da criação em tela de Eduardo. No correr das páginas percebe-se a transposição para as ruas. A Intervenção Urbana ainda é um conceito muito novo, mas que ganha cada vez mais adeptos. Alguns artistas estendem para a cidade suas criações e fazem do espaço urbano uma plataforma de trabalho, confronto e poesia. Todos os sentimentos juntos na tentativa de tornar esse local de convivência em real local de convivência. O artista paulista Eduardo Srur defende a ocupação da cidade por todas as pessoas quando afirma: “Faça uma ação com poder, tome o espaço para si, construa uma causa que seja de todos, jogue os dados e avance cinco casas, convoque a comunidade para vivenciar a dificuldade e a alegria, domine a técnica diante de todos os obstáculos, deixe flutuar sobre a água, permita que todos participem da arte, jogue os dados e avance até o infinito” (SRUR, 2012. pag. 140).
Intervenção Âncora
Fonte: eduardosrur.com.br

O livro é dividido em capítulos como se fossem regras a serem seguidas: Conheça o Território, Meios de Transporte, Pesquisa e Uso de Materiais, Pesquisa e Uso da Cidade. A leitura é dinâmica, os textos são curtos e as imagens se explicam. Eduardo realizou a maioria de seus trabalhos na cidade de São Paulo. Todas foram desenvolvidas baseadas no que os cidadãos dessa cidade precisam pensar ou mesmo para entreter: questões ambientais, projetos culturais e comerciais na cidade a fim de estimular a relação dos moradores com o espaço. A subjetividade deve estar acima do espaço físico: "Para a psicogeografia, o espaço urbano é composto não apenas de edifícios, vias, viadutos e avenidas. O que percorre essa descrição mais evidente de uma cidade é algo menos palpável. As cidades podem ser imaginadas, projetadas, executadas, mas seu funcionamento, seus regimes de força são determinados por uma cartografia emocional. O que é amado ou detestado – a área proibida ou francamente aberta – é determinado por questões que avançam para além das estruturas físicas, expandem-se em um horizonte muito maior do que aquele que os olhos alcançam”.(SRUR, 2012. Pag. 103)
  
O livro mostra o processo de produção dos trabalhos, sua instalação, os materiais utilizados, a repercussão na mídia, histórias e curiosidades de cada obra como, por exemplo, a intervenção Âncora. O objeto foi colocado no Monumento às bandeiras em 2004. Lá ela permaneceu por algumas semanas. Quando Eduardo e sua equipe foram recolher a âncora foram impedidos pela guarda municipal que alegava estar defendendo o patrimônio público.

O legal e o ilegal
Intervenção Touro Bandido, 2010
Fonte: eduardosrur.com.br
Para a maioria de suas performances ele buscou autorização de órgãos públicos para o desenvolvimento dos projetos. Em outros, não pedir autorização tornou-se um posicionamento político por acreditar que a cidade precisa ser ocupada pelas pessoas e suas vivências. Uma das melhores passagens do livro está relacionada à intervenção Touro Bandido. Em 2010, durante a exposição CowParede na Avenida Paulista, Eduardo instalou durante a noite e sem autorização, dois touros sobre as vacas produzidas para a instalação. A repercussão foi imensa e o artista teve que responder pela intervenção no 15º Distrito Policial do bairro Itaim Bibi. Os organizadores da CowParede o acusaram de danificar as vacas expostas. A resolução do caso encontra-se na íntegra no livro onde defende que nada foi danificado e “o declarante não buscou autorização legal para expor o ‘TOURO BANDIDO’ por ser uma estratégia de artista necessária para a própria exposição pública da obra, entendendo que se buscasse autorização dos órgãos públicos competentes, não haveria tempo hábil para realizar seu trabalho. Nada mais. Lido e achado conforme vai devidamente assinado por todos e por mim Escrivã que o digitei”. (SRUR, 2012. Pag.156).
Para os querem aprender mais sobre intervenção urbana, o livro pode auxiliar a compreender melhor a dinâmica das ruas e suas implicações na criação artística. O livro Manual de Intervenção Urbana pode ser adquirido em livrarias e sebos.

SRUR, Eduardo. Manual de intervenção urbana. São Paulo: Bei Comunicação, 2012.

Por Chai Rodrigues

24.5.14

Entre Saltos, em Salvador, encerra projeto pelo Prêmio Funarte Mulheres nas Artes Visuais

Foto: Milla Carol

Dia de sol e calor recebeu o coro de performers pelas principais ruas da cidade

Dia 23 de abril é dia de São Jorge. Segundo a crença popular, todo dia 23 ele passeia pela terra para verificar como estão as pessoas que tem fé nele. Desde o início do projeto Entre Saltos, São Jorge foi escolhido como o protetor dos homens e mulheres participantes desta caminhada. Escolhido talvez não seja a palavra, ele se fez presente por meio da fé. Ontem, 23 de maio de 2014, dia da ilustre visita, o Coletivo PI encerrou o projeto Entre Saltos na cidade de Salvador, Estado da Bahia. São Jorge estava lá, ao lado, protegendo a todos. O resultado não poderia ter sido melhor: Mais de trinta pessoas estiveram presentes, entre mulheres e homens.

Foto: Milla Carol
Definir o trajeto e o local da instalação foram os principais desafios da produção. A cidade é grande, cheia das obras em andamento, calçadas estreitas, possui diversos pontos possíveis para encerramento da ação e muita gente nas ruas. O coro saiu do Espaço Xisto, no bairro Barris às quatro horas da tarde, seguiu pela rua Sete de Setembro até chegar ao Pelourinho, um dos maiores centros de turismo do Brasil, berço de grande parte da história da Bahia. Uma hora e meia depois, a finalização foi no Dique do Tororó, lago que possui estátuas dos orixás, inclusive Ogum, representação de São Jorge na crença de matriz africana. Os performers fizeram um trançado de sapatos à margem do lago. Segundo a diretora do Coletivo PI, Pâmella Cruz, encerrar a performance em um lago foi importante por ser a água um local inédito e por esta ser um condutor natural de energia.

Durante essas quatro performances dentro do Prêmio Funarte Mulheres nas Artes Visuais, do Ministério da Cultura, o principal diferencial e trunfo do projeto foram as pessoas. Tanto os parceiros nas cidades auxiliando a produção quanto e, principalmente, as pessoas atuantes como performers. O atravessamento de sensações, histórias e objetivos ocorreu pelas duas vias: dos propositores do Coletivo PI para os participantes das oficinas e destes em direção ao Coletivo. Tantos sapatos, tantas passadas, cores e reflexões dos seres que ensinaram mais do que imaginam, por que o coro estava presente e era forte. Daqui pra frente, quase 150 mulheres e homens presentes na performance (inclusive São Jorge) pelas quatro cidades caminharão de outra maneira, porque a própria noção pura de ‘mulher’, ‘homem’, ‘gênero’, ‘ser’ foi questionada. Além disso, o conceito do que é espaço urbano, público, privado e arte foram colocados em cheque. São Jorge veio, participou, viu que estava tudo bem mesmo com o desequilíbrio pelo caminhar, mas a forma de pisar e, mais importante, continuar seguindo mudaram radicalmente.

Por Chai Rodrigues


FOTOS DA PERFORMANCE ENTRE SALTOS EM SALVADOR
Fotos: Milla Carol

Foto: Milla Carol

Foto: Milla Carol

19.5.14

Coletivo PI estreia performance Contornos no Sesc Vila Mariana

Foto: Jonas Rodrigues
Uma tela de seis metros foi pintada ao vivo pelas performers do PI.

A área de convivência do Sesc Vila Mariana parou por uma hora para ver os corpos femininos que se embebeciam de tintas e cobriram com os corpos uma tela de seis metros de comprimento com azul, verde, laranja e magenta, formando uma grande pintura. Foi a estreia da performance Contornos, do Coletivo PI, dentro da programação da Virada Cultural de São Paulo.

Foto: Samara Sampaio
O grupo havia realizado vários experimentos de Contornos, mas esta foi a primeira vez que a performance foi exposta. “A performance trata do conceito do contorno como algo que define e, ao mesmo tempo, que limita, oprime, questionando as formações de identidades, do que é ser um corpo. E, neste caso, um corpo feminino dentro de uma sociedade, ainda patriarcal, e de uma cidade bélica, em que agressões e violências às mulheres nos transportes e nas ruas são constantes”, comenta Pâmella Cruz, uma das diretoras do Coletivo PI. A preparação corporal e os movimentos foram desenvolvidos por Marcelo D’Avilla, bailarino e performer. Foram dias de trabalho intenso para preparar os corpos para as quedas provocadas pelo impacto das performers contra a tela. Acompanharam a apresentação artistas, moradores do bairro e crianças. A reação destas foi muito lúdica. Ver quatro mulheres adultas pintando-se e se jogando contra uma tela, criando arte a partir dos movimentos não é algo rotineiro.

Contornos dialoga com o objetivo do Sesc Vila Mariana de, nesta edição da Virada Cultural, expor a potencialidade do corpo. O tema "O corpo e a luz na cidade" uniu no mesmo espaço o Coletivo PI e artistas como Michel Groismam, Eduardo Salvino e Otávio Donasci. A tela permaneceu por 24 horas na área de convivência do Sesc Vila Mariana e permanecerá no acervo do PI para novas ações entorno de Contornos.

Por Chai Rodrigues

Foto: Jonas Rodrigues

Foto: Samara Sampaio

Foto: Samara Sampaio

CONFIRA MAIS FOTOS DA PERFORMANCE CONTORNOS

Fotos: Samara Sampaio



Fotos: Jonas Rodrigues

8.5.14

Corpo feminino na cidade é tema de performance do Coletivo PI na Virada Cultural

Foto: Chai Rodrigues
 No sábado (17/05), às 18h30, o Coletivo PI apresenta Contornos no Sesc Vila Mariana. Para questionar poeticamente os contornos que definem, diferenciam e segregam a mulher na sociedade, performers criam uma tela pintada com seus próprios corpos.

O Coletivo PI realiza Contornos na programação da Virada Cultural 2014, no sábado (17/05) às 18h30, na área de convivência do Sesc Vila Mariana. A performance inédita propõe a reflexão sobre o corpo feminino na cidade, dialogando assim com um dos temas da Virada deste ano: o corpo e a luz na cidade.

Inspirada na pintura gestual de Jackson Pollock, que substituía os pincéis pelo seu próprio corpo, e na artista contemporânea Heather Hansen, que cria grandes desenhos a carvão com movimentos de dança, a performance Contornos também une as artes visuais e a expressão corporal. Mulheres embebidas em tintas fluorescentes vão deixar suas marcas em uma enorme tela branca. 

Foto: Chai Rodrigues
A proposta da criação de contornos coloridos com os corpos femininos busca questionar poeticamente que contornos são esses que definem, segregam e diferenciam o gênero feminino.  Além de tratar da figura da mulher, o trabalho também remete ao direito de cada um construir sua subjetividade, seu gênero, sua estética, tendo espaço e respeito na sociedade.

“A performance trata do conceito do contorno como algo que define e, ao mesmo tempo, que limita, oprime, questionando as formações de identidades, do que é ser um corpo. E, neste caso, um corpo feminino dentro de uma sociedade, ainda patriarcal, e de uma cidade bélica, em que agressões e violências às mulheres nos transportes e nas ruas são constantes.”, comenta Pâmella Cruz, uma das diretoras do Coletivo PI e idealizadora da performance.

O Coletivo PI trabalha com performance e intervenção urbana desde 2009. Uma de suas principais pesquisas é a construção da subjetividade feminina em relação à esfera pública. Dentro dessa linha de investigação artística, Contornos dialoga com o mais recente projeto do grupo, Entre Saltos, que ganhou o Prêmio Nacional Mulheres nas Artes Visuais 2013 – Funarte e percorre neste ano várias cidades do país. Nesta performance, mulheres desfilam na rua com um salto só, chamando atenção para sua existência na cidade. 

Sesc Vila Mariana na Virada Cultural 2014
O corpo sempre foi objeto de representação e simbolização. Na Idade Média, era visto como uma vestimenta da alma, totalmente desprovido de valor. No Renascimento, ganhou novas expressões, dissociando-se da espiritualidade. Hoje em dia, está em destaque como nunca: é suporte midiático, representação social, modelo de vida, identidade. Com tantas funções, não é de se estranhar que ele seja um dos temas mais visitados também pelas diferentes linguagens artísticas. No teatro, quando o corpo é o destaque, entram os gestos e saem os diálogos. Na dança e na performance, ele passa a ser o centro, e o enredo fica em segundo plano. Na música, ele é o criador de sonoridades. A proposta do Sesc Vila Mariana, durante a Virada Cultural de 2014, é mostrar algumas das potencialidades dessa máquina, usadas nas distintas artes.

Programação completa em: sescsp.org.br/programacao


Teaser de Contornos
Edição: Natalia Vianna


CONTORNOS
Data: 17/05/2014 (sábado)
Horário: 18h30
Duração: 45minutos
Entrada franca
Local: Sesc Vila Mariana - Área de Convivência
Endereço: Rua Pelotas, 141 - Vila Mariana - São Paulo

Ficha Técnica
Criação e Produção Geral: Coletivo PI
Performers: Chai Rodrigues, Fernanda Perez, Natalia Vianna e Pâmella Cruz
Preparador Corporal: Marcelo D'Avilla
Equipe de Produção: Adriano Garcia, Jean Carlo Cunha e Mari Sanhudo