A intervenção urbana é uma forma de arte cujo objetivo é interagir, de maneira criativa e poética, com o espaço cotidiano e as pessoas. As intervenções são capazes de reinventar, ainda que momentaneamente, novos sentidos ao espaço escolhido e suscitar novas percepções às pessoas.

19.3.15

Primeira edição do Sarau do PI, em 2015, vai falar sobre Poesia e Crônica Feminina Contemporânea

Convidadas para o Sarau (a partir da direita): 
Paula Castiglioni, documentário Entre Saltos,
Elisa Andrade Buzzo, Lilian Aquino e Luanah Cruz
Durante o primeiro semestre, o Coletivo PI ocupa a Casa das Rosas, na Avenida Paulista, com quatro saraus voltados para a literatura feminina.

No próximo dia 28 de março – sábado -, será realizada a primeira edição do Sarau do PI: Literatura Feminina Contemporânea, na Casa das Rosas. O sarau é uma tradição desde 2010 do Coletivo PI, agregando às leituras apresentações artísticas diversas. Para esse ano, o núcleo definiu a literatura feminina contemporânea como eixo- condutor. O evento é gratuito e aberto a todos interessados.

Serão quatro edições, de março a junho. Cada edição terá um foco: poesia e crônica; literatura erótica; marginal e por fim, dramaturgia.  A primeira sobre Poesias e Crônicas contará com a presença da escritora Lilian Aquino (saladospassosperdidos.wordpress.com) e as poesias de seu livro “Pequenos Afazeres Domésticos” e da escritora Elisa Andrade Buzzo, (www.digestivocultural.com) que mantém uma coluna de crônicas na revista eletrônica Digestivo Cultural, lendo suas crônicas e poesias de seus livros, como o primeiro Se Lá no Sol. A participação de Paula Castiglioni interpretando músicas de compositoras brasileiras com voz e piano. A exibição do vídeo Entre Saltos, do Coletivo PI, que trata sobre as questões do feminino na sociedade e na arte. E ainda, Luanah Cruz com Me traziam a Lembrança daqui, de..., o quinto experimento da série performática A Experiência da Vida é a Pergunta, no qual a artista se relaciona com o público usando um vestido de mais de 30 metros, que se torna um corpo-feminino-tapete que se transformando ao longo da ação com poesias, desenhos, histórias, carregando o peso e a leveza das memórias.

O ideal deste sarau foi motivado pelas últimas pesquisas do Coletivo PI sobre as questões da construção de gênero e a produção de mulheres no campo da Arte e da Literatura. O sarau reunirá produções literárias, apresentações artísticas e manifestações espontâneas do público presente, criando um ambiente dinâmico e de diálogo, onde todos podem participar, inclusive os homens trazendo suas poetas preferidas.

O Coletivo PI tem a cultura e empoderamento feminino como um dos principais eixos de investigação artística, refletindo e criando performances, realizando debates e escritas que discutam sobre as construções de gênero articuladas as questões da produção cultural e as práticas cotidianas.  Assim, tem trabalhado para abrir campos de atuação e diálogos dentro do cenário cultural e acadêmico.

“Sabe-se que atualmente há uma abertura e estudos contínuos sobre a produção literária feita por mulheres. Mas durante séculos o papel da mulher no campo literário e artístico brasileiro foi ignorado. As mulheres não podiam assinar suas obras, composições. Quantas canções foram nos nomes de maridos e amigos de compositoras. Queremos com essa iniciativa dar mais visibilidades às produções de novas artistas e escritoras.” afirma Pâmella Cruz, diretora do PI e idealizadora do projeto.

Os interessados já podem se programar para a segunda edição, em abril, no dia 25 de abril, com o tema literatura erótica.
           
SARAU DO PI - POESIA E CRÔNICA CONTEMPORÂNEA
Quando: 28 de março (sábado)
Horário: 19h as 21h30
Onde: Casa das Rosas – Avenida Paulista, 37 (próximo à estação de metrô Brigadeiro)
Atividade gratuita (livre)

17.3.15

Corpos femininos em cores, formas, música e dança

Foto Roni Adame 
Coletivo PI une diversas áreas das artes para compor a performance Contornos. 
  
Carimbar muros da cidade com as marcas de corpos, imprimindo cor e movimento, usando a materialidade do corpo como instrumento principal para feitura da tela, deslocando a importância da obra para o momento de sua criação. Esta é a base da construção da performance Contornos, do Coletivo PI. Em janeiro deste ano o Coletivo realizou a performance no Sesc Ipiranga onde já apresentou mudanças consideráveis em relação à primeira apresentação feita no Sesc Vila Mariana em 2014, durante a Virada Cultural.

Contornos é um misto de música, dança, stencil e artes visuais, brincando com as várias linguagens que compõe com a paisagem urbana da cidade e reafirma que as ruas são para brincar, espaços lúdicos e de encontro, onde o coletivo pretende deixar sua marca. É uma reflexão poética sobre o corpo/matéria e a identidade/feminilidade. A performance encara o corpo como território, a materialidade de nossa existência e pensa sobre os contornos femininos, como eles definem e segregam, quais as possibilidades transitórias de um corpo que é território, quais os carimbos que são deixados ou levados na relação com a cultura/cidade, que também é território, porém coletivo.

Foram duas apresentações, dias 11 e 25 de janeiro. A pintura foi realizada na área das docas onde tapumes foram utilizados como telas. O público pode assistir a ação na rua dos Patriotas, onde o acesso dos carros é impedido e o passeio dos pedestres é permitido. Assim, tanto pessoas que foram para o Sesc para assistir a performance quanto pessoas que estavam simplesmente passeando pelo bairro acompanharam a ação das performers. As telas permaneceram expostas até o mês de fevereiro nos portões da unidade. O registro da primeira ação foi feito pelo fotógrafo Roni Adame que afirma:

Foto Roni Adame
“Fotografar a performance Contornos é e sempre será um desafio e também um risco. Conseguiria a fotografia retratar fielmente a expressão e o questionamento poético tão bela e dramaticamente expressados na performance? Subjetivo. Ao mesmo tempo, registrar a construção gradual de uma linguagem feita de gestos, formas e cores, sem nunca saber o que ali irá nascer, torna o experimento fotográfico extremamente sedutor, prazeroso e muito gratificante”. Roni Adame

Ficha técnica Contornos - Sesc Ipiranga
Criação e Produção Geral: Coletivo PI
Performers: Chai Rodrigues, Emanuela Araújo, Natalia Vianna, Pâmella Cruz e Priscilla Toscano
Preparador Corporal: Marcelo D'Ávilla
Coreografia: Ednei Reis
Equipe de Produção: Jean Carlo Cunha, Mari Sanhudo e Rodrigo Spavanelli


Imagens performance Contornos - Sesc Ipiranga
Fotos: Roni Adame

11.3.15

Saltos ecoam no chão e cortam o ar

Performance no viaduto Dom Luciano Mendes de Almeida
Foto: Rodrigo Dionisio/Frame
O coro de Entre Saltos caminhou pela zona leste de São Paulo expondo a potência do feminino.

No dia 08 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher. A primeira pessoa a sugerir esse dia foi a jornalista e professora Clara Zetkin na Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, em 1910 na cidade de Copenhague, Dinamarca. Eram anos de grandes transformações no mundo e no comportamento das pessoas. O dia internacional da mulher era o marco de lutas pela igualdade de direitos ocorrida durante todo o ano e que reverberam na organização da sociedade hoje. Hoje há certo esvaziamento nesta data que é marcada por presentes, flores, cartões online e matérias falando sobre a ‘força da mulher’. Questionamentos e lutas por uma igualdade, ainda muito longe de ser alcançada, perderam um pouco esse espaço, mas ainda persistem algumas iniciativas e pessoas que continuam o legado.

 Durante o mês de fevereiro até abril de 2015, o Sesc Belenzinho promove o projeto Mulheres em Cartaz que debate, por meio de uma ampla programação e convidados das mais diversas especialidades, o contexto feminino hoje. Neste universo, a performance Entre Saltos, do Coletivo PI, foi inserida. A ação reuniu cerca de 30 pessoas decididas a agir e pensar por meio da arte o que é isso que chamamos de feminino; o que se quer dizer quando é mencionada a palavra mulher e que luta é essa, e pra quem ela é direcionada, do gênero feminino. Muitas questões herdadas e ressignificadas ao longo desses mais de 100 anos de questionamentos oficializados.

Performance subindo a estação Belém do metrô.
Foto: Rodrigo Dionisio/Frame
Dentro da performance participaram pessoas de várias idades, gêneros e formações. As oficinas preparatórias ofereceram ao Coletivo uma nova possibilidade de estética e fruição da intervenção. Num jogo de ‘coro e corifeu’* gestos foram sugeridos com os sapatos levados à mão durante a caminhada. Durante a performance no dia 08, essa condução de gestos foi dividida entre as participantes. Imagens lindas e poéticas surgiram a partir desse jogo entre as performers. O sapato, símbolo da feminilidade e, neste contexto, também símbolo de desequilíbrio, ganhou novas formas e interpretações: foram armas, pesos, filhos, extensores de braços, baquetas para produzir sons na cidade e produziram uma marcha forte que ecoou pelas ruas da região.

Entre Saltos saiu da unidade do Sesc, atravessou a estação de metrô Belém, entrou no bairro, passou por cima da Avenida Salim, caminhou e atravessou a estação Tatuapé e voltou pelo viaduto Dom Luciano Mendes de Almeida, passando pelo Cemitério da Quarta Parada até chegar ao Sesc novamente. Após o percurso, os sapatos foram instalados na escadaria principal do Sesc Belezinho como uma cascata de pés em posição de caminhada. A instalação deve permanecer no espaço até o final do ‘Mulheres em Cartaz’, mas o percurso a ser seguido por mulheres pela igualdade de gêneros, inclusive na produção artística, ainda é um caminho de subidas e descidas constantes.  

Instalação dos sapatos ao final da caminhada.
Foto: Rodrigo Dionisio/Frame

Performance Entre Saltos
08|03|2015
Fotos: Rodrigo Dionisio/Frame


*’Coro e corifeu’ é um dos nomes de um exercício geralmente aplicado para treinamento em teatro e performance de atuadores. Consiste em uma pessoa a frente das outras que propõe um gesto ou movimentação e o restante do grupo deve segui-lo até que o comando do jogo seja passado para outra pessoa que repete a dinâmica. 

Por Chai Rodrigues

6.3.15

Oficina para a performance Entre Saltos no Sesc Belenzinho

Foto: Pâmella Cruz
Em três dias de atividades no Sesc Belenzinho, a performance se renova e propõem outras formas de ser e estar na cidade.

Desde fevereiro deste ano o Coletivo PI encontra-se no Sesc Belenzinho para preparar a performance Entre Saltos, a ser realizada no próximo domingo, dia 08 de março. A ação faz parte da programação especial da unidade do Sesc ‘Mulheres em Cartaz’. Dia 01/03, terceiro dia de preparação, foi marcado pelas práticas de formação em coro e prova de figurinos e sapatos. O primeiro exercício com o coro composto na oficina utilizou o espaço do prédio para desenvolver a forma como a performance irá ocorrer no dia internacional da mulher.

Experimentos com o sapato. Foto: Pâmella Cruz
Esta será a quinta vez que a performance será executada. A primeira ação de Entre Saltos foi realizada em 22 de fevereiro de 2014, abrindo o Prêmio Funarte Mulheres nas Artes Visuais. Desde então o trabalho amadureceu em estética e em significados, uma obra que a princípio era direcionada a mulheres agora recebe todas as pessoas que tenham interesse em pensar o universo feminino. A proposta do Coletivo para os participantes também é experimentar outras formas de posicionamento na cidade por meio do desequilíbrio provocado pela ausência de um sapato nos pés.

A performance Entre Saltos ocorrerá no próximo dia 08 de março – próximo domingo -, saindo às duas horas da tarde do Sesc Belenzinho e percorrerá as ruas e avenidas entorno da unidade. O Sesc fica localizado na Rua Padre Adelino, nº1000 – Belém (próxima a estação Belém do metrô).

Por Chai Rodrigues