A intervenção urbana é uma forma de arte cujo objetivo é interagir, de maneira criativa e poética, com o espaço cotidiano e as pessoas. As intervenções são capazes de reinventar, ainda que momentaneamente, novos sentidos ao espaço escolhido e suscitar novas percepções às pessoas.

3.8.15

Performance Contornos pela primeira vez no Rio de Janeiro

Foto: Roni Adame
Ação do Coletivo PI faz parte da programação Maratona Cultural Cidade Olímpica, do Ministério da Cultura.
Contornos é uma performance do Coletivo PI, núcleo de performance e intervenção urbana, em que quatro mulheres criam uma tela ao vivo pintada com os próprios corpos. Cada performer se banha em tinta de cor diferente e pinta uma tela a partir de seus movimentos corporais, deixando contornos coloridos.
A ação tem inspiração na pintura gestual de Jackson Pollock, cuja pintura era fruto de uma composição de movimentos e gestos, em que o artista entra na obra e dá vasão ao ato espontâneo de criar. Outra referência é a artista contemporânea Heather Hansen. Ela une a dança e o desenho, criando grandes telas simétricas por meio de performance em que pinta com seu corpo as telas, usando carvão e os movimentos coreográficos. O trabalho surgiu da ideia de criar uma grande parede branca com as marcas de corpos, imprimindo cor e movimento, usando a materialidade do corpo como instrumento principal para feitura da tela, deslocando a importância da obra para o momento de sua criação, valorizando o processo e não apenas o produto final.
 A performance é uma celebração, que une diversas linguagens artísticas: a performance, a dança, a música e as artes visuais, além dos elementos da street art como o stencil de contornos femininos que iniciam a feitura da tela.
Divulgação oficial do evento pela Funarte.
O trabalho acompanha a perspectiva de pesquisa em site specific do Coletivo PI, sendo desenvolvido em diálogo com o espaço da ação. A performance pode ser realizada numa grande tela ou em muros e paredes da cidade, ganhando contornos próprios a cada realização. Por ser uma obra aberta, pretende-se trabalhar com as cores da bandeira do Brasil, dialogando com a temática das Olimpíadas e em referência às atletas mulheres que marcaram e marcam a história do esporte brasileiro.
Contornos nasceu da ideia da diretora Pâmella Cruz e teve sua estreia em maio de 2014 na programação da Virada Cultural de São Paulo, sendo realizado no Sesc Vila Mariana em uma grande tela branca montada em estrutura de box truss. Em 2015, o trabalho foi redefinido e entrou na programação do Sesc Ipiranga no mês de janeiro, dentro da programação de comemoração do aniversário da cidade de São Paulo, sendo apresentando duas vezes na rua lateral do Sesc em tapumes de madeira fixados nos portões da unidade.  Em fevereiro deste ano foi realizado em sala fechada, como galeria, na Universidade Mackenzie, pintando com os corpos todas as paredes do espaço. Por fim, em abril, fez parte da festa performativa ¡Venga Venga! Giramundo, sendo realizado no espaço Nos Trilhos por meio de tela fixada abaixo de um viaduto.
Contornos é uma reflexão poética sobre o corpo/matéria e a identidade/feminilidade. A performance encara o corpo como nosso território, a materialidade de nossa existência e pensa sobre os contornos femininos, como eles definem e segregam, quais as possibilidades transitórias de um corpo que é território, quais os carimbos que deixamos ou levamos em nossa relação com a cultura/cidade, que também é território, porém coletivo. É uma performance inusitada, que interfere no espaço e deixa a tela como lembrança viva de uma celebração.

SERVIÇO:
QUANDO: 08/08/2015
HORÁRIO: 15H
ONDE: Museu Nacional de Belas Artes
Avenida Rio Branco, 199 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20040-008 - (21) 2219-8474. (pátio interno do museu)
ENTRADA GRAUITA
DURAÇÃO: 30 minutos.

FICHA TÉCNICA:
Criação e Produção Geral
Coletivo PI
Performers
Chai Rodrigues, Natalia Vianna, Pâmella Cruz e Priscilla Toscano
Partitura Corporal
Marcelo D'Ávilla e Ednei Reis
Equipe de Produção
Jean Carlo Cunha e Mari Sanhudo

1.8.15

Entre Saltos no Performance Contemporary Almanac 2015

A publicação reúne mais de 250 artistas da Performance no mundo. O projeto também propõe a quebra do monopólio de editoras e pesquisadores.

Uma iniciativa da Contemporary Performance, de Nova Iorque, no EUA, vem reunindo artistas da performance de várias nacionalidades e estilos para promover e registrar seus trabalhos. A instituição lançou em 2013 o projeto "Contemporary Performance Almanac", uma publicação anual de trabalhos na área da Performance Arte. A primeira edição foi publicada em 2014. O Coletivo PI participa da segunda edição, em 2015, com a performance Entre Saltos.
Capa do Almanaque 2015

A grande valia do projeto está na forma de inserção dos trabalhos. Ao invés dos artistas terem que esperar por um grupo de pesquisadores e uma editora interessados em financiar o projeto, todo ele foi desenvolvido de forma coletiva tendo a Contemporary Performance como organizadora. Os artistas interessados produzem o conteúdo que tenham interesse em apresentar dentro dos limites de páginas, caracteres e imagens disponíveis pela Organização. Então, os artistas fazem o pagamento de uma taxa para publicação. Se este quiser ainda uma, duas ou três cópias do almanaque, pode fazer o pagamento proporcional. O almanaque é produzido e fica disponível para compra pela internet. Os conteúdos dele ainda ficam disponíveis no site da instituição. Mais de 250 artistas de todo o mundo compartilharam seus trabalhos nesta segunda edição. Entre eles, artistas e coletivos de performance brasileiros. Além do Coletivo PI, mais 17 artistas do Brasil estão no almanaque, como Marcelo D'avilla e Fe Vas.

Foto de Eduardo Bernardino que ilustra a
Performance Entre Saltos no Almanaque.
O Coletivo PI publicou a performance Entre Saltos nas páginas 56 e 57. A apresentação foi estruturada com um resumo do grupo, o conceito da Performance e a sua trajetória em 2014, quando percorreu quatro cidades do Brasil pelo Prêmio Funarte Mulheres nas Artes Visuais.

Os interessados já podem preparar materiais para a edição de 2016. O almanaque é escrito em inglês. Os artistas devem enviar textos obedecendo o limite de caracteres oferecido para publicação, enviar uma foto e dispor um link em vídeo do seu trabalho mais contatos como site, e-mail e redes sociais. A Contemporary Performance é uma organização americana que funciona como uma rede social e plataforma de organização comunitária de trabalhos, pesquisas, festivais, publicações e mais informações sobre a Performance Arte.


Para adquirir o Performance Contemporary Almanac 2015 pela internet: amazon.com/Contemporary-Performance-Almanac-2015

Por Chai Rodrigues