A intervenção urbana é uma forma de arte cujo objetivo é interagir, de maneira criativa e poética, com o espaço cotidiano e as pessoas. As intervenções são capazes de reinventar, ainda que momentaneamente, novos sentidos ao espaço escolhido e suscitar novas percepções às pessoas.

16.7.15

Performance Entre Saltos no Festival SESC de Inverno


Entre Saltos - São Paulo/2015. Foto: Rodrigo Dionisio
Ação do Coletivo PI será realizada pela primeira no Estado do Rio de Janeiro. Todas as pessoas podem participar como performers.

         Pela primeira vez o Estado do Rio de Janeiro vai receber a intervenção urbana Entre Saltos, do Coletivo PI. A ação faz parte do Festival SESC de Inverno e será realizada nas cidades de Teresópolis e Nova Friburgo neste mês de julho.

         Entre Saltos é uma performance/intervenção urbana do Coletivo PI que aborda o gênero feminino no mundo contemporâneo. A performance trata da construção da feminilidade bem como a imagem do feminino em relação à esfera pública. A ação se dá em forma de uma caminhada, com muitas pessoas, com um sapato de salto alto no pé e outro na mão, que pretende enfatizar o equilíbrio e o desequilíbrio enfrentados pelo feminino na metáfora do “sapato de salto alto”, e propõe colocar a rua como extensão do corpo e da vida. Ao término, as performers constroem poeticamente uma instalação em site specific com os sapatos utilizados durante a caminhada. Segundo a integrante do Coletivo PI, Natalia Vianna “A instalação é uma forma de deixarmos nossa marca na cidade, um vestígio da passagem do coro. Por isso ela é única em cada trajeto realizado”.

         Em 2014, Entre Saltos percorreu quatro cidades brasileiras através do Prêmio Funarte Mulheres nas Artes Visuais: São Paulo/SP, Campinas/SP, Porto Alegre/RS e Salvador/BA. A experiência destas cidades gerou o documentário "Entre Saltos", que foi exibido em algumas unidades do SESC - SP. Em 2015, durante o mês de março, Entre Saltos fez parte da programação "Mulheres em Cartaz" do Sesc Belenzinho - SP, culminando com a performance ocorrida no Dia Internacional da Mulher (08 de março). Ao todo, cerca de 170 pessoas já participaram da intervenção reunindo as quatro cidades do Brasil por onde Entre Saltos já passou. A performance acontecerá em Teresópolis - dia 24 de julho - e Nova Friburgo - dia 30 de julho, a partir das às 15h e percorrerá as ruas das cidades finalizando com uma instalação feita com os sapatos usados durante o percurso.

Entre Saltos - São Paulo/2015. Foto: Rodrigo Dionisio
         Antes da performance, o Coletivo PI também realiza uma oficina preparatória, para as pessoas interessadas em participar da performance, nas unidades do SESC, das 14h às 18h, durante dois dias. Durante a atividade, serão expostos os conceitos sobre a intervenção urbana, as provas de figurinos e a preparação para a caminhada pela cidade. Para participar da performance, não é necessário ser artista. Os únicos requisitos são participar dos dois dias de oficina preparatória e trazer um par de sapatos de salto alto que possa ser doado para compor a instalação. As atividades são gratuitas e o figurino é de responsabilidade do Coletivo PI.

         Para participar é preciso preencher o formulário de inscrição disponível no blog www.coletivopi.com. O link está à esquerda superior do blog.


ENTRE SALTOS | TERESÓPOLIS
Oficina de Intervenção Urbana
Data: 22 e 23 de julho (quarta e quinta-feira)
Horário: das 14 às 18h
Local: SESC Teresópolis - Avenida Delfim Moreira, 749 – Várzea – Teresópolis/RJ
Ministrantes: Pâmela Cruz, Priscilla Toscano, Natalia Vianna e Jean Carlo Cunha 
Conteúdo/Programação: Introdução à Intervenção Urbana; Exposição de fotografias e vídeos de algumas das principais referências sobre a linguagem e suas relações com o teatro, a dança, a performance e as artes visuais; Discussões sobre o universo feminino, o corpo da mulher e a cidade; Exercícios práticos performativos centrados no conceito de coralidade e preparo para atuar na rua; Orientação sobre a construção da instalação de Entre Saltos; Prova de sapatos e figurinos

Intervenção urbana Entre Saltos
Data: 24 de julho (sexta-feira)
Horário: das 13h às 18h30 (Entre Saltos tem duração de 1h30. Este horário compreende preparação – performance – desmontagem)
Local/Trajeto: A concentração e a saída do coro será na unidade do SESC Teresópolis. O trajeto da performance percorrerá diversos pontos do centro da cidade.
Saída da Intervenção: 15h

ENTRE SALTOS | NOVA FRIBURGO
Oficina de Intervenção Urbana
Data: 28 e 29 de julho (quarta e quinta-feira)
Horário: das 14 às 18h
Local: SESC - Nova Friburgo - Avenida Presidente Costa e Silva, 231 – Centro – Nova Friburgo/RJ

Intervenção urbana Entre Saltos
Data: 30 de julho (sexta)
Horário: das 13h às 18h30 (ENTRE SALTOS tem duração de 1h30. Este horário compreende preparação – performance – desmontagem)
Local/Trajeto: A concentração e a saída do coro será na unidade do SESC Nova Friburgo. O trajeto da performance percorrerá diversos pontos do centro da cidade
Saída da Intervenção: 15h

FICHA TÉCNICA ENTRE SALTOS | RIO DE JANEIRO
Criação e realização: Coletivo PI
Direção e coordenação das oficinas: Priscilla Toscano e Pâmella Cruz
Produção: Natalia Vianna
Assistentes de produção: Chai Rodrigues, Jean Carlo Cunha, Marcelo Prudente e Marcelo D’Ávilla
Performers: Priscilla Toscano, Pâmella Cruz, Natália Vianna, Jean Carlo Cunha, Marcelo D’Ávilla e Marcelo Prudente

14.7.15

Coletivo PI fecha ciclo de saraus sobre literatura feminina contemporânea na Casa das Rosas

Foto: Roni Adame
Foram quatros meses e quatro eventos que promoveram bons encontros. O Coletivo PI se despede da Casa das Rosas após os Saraus sobre Literatura Feminina Contemporânea. Antes o Sarau do PI era realizado na antiga sede do Coletivo na zona norte da cidade, com um caráter informal e livre, no qual eram reunidas linguagens artísticas com prioridade para a cena e a música. Foi um passo importante propor para a Casa das Rosas o Sarau do PI com foco na literatura feminina contemporânea, pois isso proporcionou a abertura de um espaço para discutir questões relacionadas à construção de gênero, eixo principal das pesquisas e criações artísticas do grupo.

Os temas escolhidos não foram por acaso, Poesia e crônica, Erótico, Periferia e Dramaturgia, todos envolvendo a temática do feminino, desenvolvidos e planejados para correlacionar com os objetivos do PI. Performances, músicas e principalmente as autoras convidadas, construíram um ciclo de conhecimento, que pudemos compartilhar com os visitantes da Casa.

Para Natalia Vianna, o Sarau do na Casa das Rosas foi um processo de aprendizagem e descoberta: "A cada edição, a possibilidade de conhecer e dialogar com artistas e não artistas a partir de anseios e temas em comum foi como abrir um intervalo no tempo. Um intervalo poético, de reflexão, de apreciação, de boas conversas, de risadas, um intervalo para ouvir mais do que falar. Um momento de respiro no meio de uma rotina tão massacrante de uma megalópole como São Paulo. Além das pessoas carinhosamente convidados e do público aberto e bem disposto, a própria Casa das Rosas nos transporta para um outro lugar, um outro tempo... O gostinho de quero mais ficou em cada edição... Mas isso é boa coisa boa, pois deixa em nós a vontade de que momentos como esses se repitam, e a certeza de que eles são cada vez mais necessários na vida contemporânea".

A partir da direita: Pâmella Cruz, Maria Giulia Pinheiro,
Paloma Franca Amorim e Talita Mochiute. Foto: Roni Adame
Em todas as edições a participação de Talita Mochiute foi fundamental. Mestre em Literatura Comparada, ela conduziu junto com Pâmella Cruz as conversas com as escritoras convidadas. Das conversas que abriram cada sarau uma fala ecoou pela Casa das Rosas: quando se produz literatura o mais importante é a doação de energia e a sinceridade ao escrever, não ser mulher, homem ou o que for. A oportunidade de eventos como este é boa para conhecer pessoas que possuem os mesmos desejos e base de temas para a criação, mas é preciso sempre explodir com as "caixinhas" que tentam colocar as pessoas em nome de poder e lógicas de mercados consumidores. "Não classifico meus autores favoritos em mulheres ou homens, nacionais ou internacionais. Escolho (ou eles me pegam pelo pé, como adoro dizer quando me percebo amando uma história) pela afinidade, pela forma como me reconheço neles e como, juntos, pensamos a vida e o mundo. A experiência do Sarau do PI intensificou pra mim que é isso que importa: o que a arte tem a dizer. Mas como artista, ele instigou outra questão: quem tem espaço para falar? E este espaço é menor para as mulheres. Então há algo aí para se pensar. Como conseguirmos criar espaços para produção e exposição que sejam pra todos, independente do gênero". Afirma Chai Rodrigues.

Para Priscilla Toscano, outro fator que enriqueceu as vivencias nas quatro edições do projeto foi o público: "A Casa das Rosas por estar situada na Avenida Paulista, além de possuir um público cativo consumidor de literatura, também atrai diversas pessoas, dos mais diferentes perfis. Isso foi uma delícia principalmente nos momentos em que propusemos a interferência de performances, cenas performativas e vídeo performances. Momentos que, na minha avaliação, assaltaram um público extremamente plural".

Foram momentos de expor o que o Coletivo pensa e produz sobre e, principalmente, descobrir e valorizar a produção artística de uma mulherada criativa e ativa nas tentativas de fazer arte e se colocar no mundo. Além de perceber que, para além da biologia, o feminino é um tema para todos os artistas e eles aderiram ao sarau de peito aberto. Foram quase trinta 30 apresentações nos diversos gêneros artísticos e plataformas. Para Pâmella Cruz, o melhor do Sarau foi a oportunidade do encontro: “O sarau aproximou escritoras, artistas, pesquisadores e interessados na temática, revelando de forma sensível e poética a produção feminina atual, alargando o campo de reflexão sobre as questões de gênero, sobre a disputa por representação, sobre igualdades e idiossincrasias, criando uma trama de vozes, desejos, corpos e silêncio.  Para mim, o mais importante do sarau é que ele encurtou as distâncias, dissolveu as barreiras, promovendo o encontro de ideias, realidades e vontades, porque é exatamente aí a potência da literatura, da arte: criar novas realidades possíveis, tornar visível o invisível, e o desejo futuro um sonho presente”.

      O Sarau do PI foi um projeto proposto em 2014 para o edital de Saraus Culturais na Casa das Rosas, promovido pela Poiesis e “este trabalho não seria possível, sem os 6 PI’s, sem os encontros que foram proporcionados nos Saraus e nas  incríveis histórias que acabamos conhecendo. Passamos por todas as etapas juntos, escrevemos, criamos, produzimos e finalizamos juntos, como um Coletivo”, afirma Mari Sanhudo.  Fechamos o ciclo deste projeto, mas ainda temos várias ações previstas do PI para 2015. Os interessados podem acompanhar a agenda do site do PI para saber mais sobre nossos trabalhos. Obrigada a todos por fazerem do Sarau do PI um grande projeto e até a próxima!

Confira as fotos do último Sarau do PI na Casa das Rosas

SARAU DO PI - DRAMATURGIA FEMININA
Fotos: Roni Adame