A intervenção urbana é uma forma de arte cujo objetivo é interagir, de maneira criativa e poética, com o espaço cotidiano e as pessoas. As intervenções são capazes de reinventar, ainda que momentaneamente, novos sentidos ao espaço escolhido e suscitar novas percepções às pessoas.

23.5.15

Sarau do PI - Literatura de Periferia



3ª edição do projeto sobre literatura feminina contemporânea ocorre no próximo sábado, na Casa das Rosas.

         Em sua terceira edição, o Sarau do PI - Literatura Feminima Contemporânea traz a temática da periferia e a mulher, dando voz aos textos de importantes representantes, começando por Carolina Maria de Jesus, que nesse ano completa cem anos de seu nascimento. Dessa vez o bate-papo sobre literatura, mediado por Talita Mochiute, será com Jéssica Balbino, e sua imersão na cultura hip-hop, e Michele Santos, do Sarau Sobrenome Liberdade. 
         A programação do Sarau ainda conta com a presença da cantora Graça Cunha e do violinista Stefanio Faustino, interpretando canções de compositoras brasileiras; a cena performática COMA das atrizes Emanuela Araújo e Fernanda Pérez, além do trabalho "Meu Corpo Minhas Regras" de Jean Carlo Cunha com a participação de Iza Monteiro, alargando as discussões de gênero, narrando sua história como transexual na busca de ser reconhecida como mulher.
         O sarau é aberto será realizado no próximo sábado, dia 30 de maio, a partir das 19h, na Casa das Rosas em São Paulo. O evento é gratuito e todos podem participar. Os ingressos serão distribuídos com uma hora de antecedência e o espaço está sujeito a lotação. A Casa das Rosas fica na Avenida Paulista, 37 - próximo à estação Brigadeiro, do metrô.

Saiba mais sobre os artistas da 3ª edição do Sarau do PI: Literatura de Periferia.

Foto: Adessa Melo
Michele Santos
As palavras escrevem caminhos: foi assim que Michele Santos juntou-se ao time de poetas do Sarau Sobrenome Liberdade, na região do Grajaú, zona Sul de São Paulo (onde atua como organizadora, mas vez-quando suspeita-se mediadora de espantos) e tornou-se educadora nas redes públicas de ensino de São Paulo. Entre saraus e salas de aula, a propagação da literatura atual e atuante é marca e princípio. Marginal, periférico, cânone – quando a palavra fala mais alto, as adjetivações ficam mudas. Por isso acredita no poder da disseminação cultural dos saraus e no ficcional da literatura como estratégia para construir realidades mais dignas, com especial apreço ao que diz respeito à voz feminina inserida no cenário artístico.“Toda via,” seu primeiro livro, está em estágio de edição. Tão logo venha: palavra de mulher.

Foto: divulgação
Jéssica Balbino
Jornalista, mestranda em comunicação pelo Labjor/IEL da Unicamp, criadora do Margens,  editora do site G1, pesquisadora, amante, apaixonada, entusiasta da literatura marginal/periférica/contemporânea brasileira. Viciada em saraus, poesia e livros. Participa com rigor de debates sobre cultura, arte, direitos humanos, literatura, feminismo e periferia. Especializada em jornalismo literário/digital e comunitário, produtora cultural com vivência intervenções, cursos e saraus. Produtora e assessora de imprensa e comunicação do Inquérito desde 2010 e das atividades e campanhas ligadas ao grupo desde então. Como a campanha de combate ao álcool “Um Brinde“, a criação do livro #PoucasPalavras, de Renan Inquérito e a criação, produção e comunicação do sarau Parada Poética. Autora dos livros Traficando Conhecimento (Aeroplano, 2010) e Hip-Hop: A Cultura Marginal (Independente, 2006), além de participar como coautora de diferentes obras vinculadas à literatura marginal e ao hip-hop. Revisou os livros “100 contos por 10 contos trocados”, “Troco um causo por um conto” e “Quase”, de Daniel Viana, inspirados em intervenções urbanas e micronarrativas. Membro dos coletivos Frente Nacional de Mulheres do Hip-Hop (FNMH²), Hip-Hop Mulher e Mjiba. Ministra oficinas, workshops e palestras sobre jornalismo hip-hop, literatura periférica e cultura marginal, além de escrevo eventualmente sobre hip-hop e literatura marginal para o site Bocada Forte. Produz também o documentário “Cada Canto Um Rap, Cada Rap Um Canto’, com Renan Inquérito e Vras77. Já escreveu para veículos especializados como Portal e revista RAP Nacional, Viva Favela, jornal Boletim do Kaos, para o número especial da Revista da Cooperifa e para uma edição do O Menelick – 2º Ato, com reportagem sobre a Livraria Suburbano Convicto, além de uma reportagem sobre o mesmo tema para a Revista Overmundo.

Foto: Ed Santana
COMA – Cena Performática
COMA é uma cena performática sobre questões do universo feminino e a marginalidade como o aborto ilegal e moradoras de rua. Criada pelas atrizes Emanuela Araújo e Fernanda Perez, a cena começa na Avenida Paulista e invade o espaço da Casa das Rosas, aguçando a curiosidade dos transeuntes e surpreendendo o público do sarau. Para ilustrar o tom de COMA, as criadoras reconstroem um trecho da peça Gota D’Água: Cuspe, veneno, carne, moinho, dor, cebola, coentro, gordura, sangue frio no centro de uma mesma mesa. Misture inverta. Moer a carne. Sangrar o unguento. Envenene. Unguento uma baba grossa e escura. Paladar violento, engolindo a criatura, co' a morte lenta e segura.






Foto: divulgação
Graça Cunha
Iniciou sua carreira em 1993, como solista no Musical Noturno de Oswaldo Montenegro, na Oficina dos Menestréis. Em sua trajetória, a cantora possui mais de 2000 trabalhos que foram ao ar (entre jingles e locuções para TV, Rádio e Cinema), assim como participações em CDs de artistas de renome, como Rita Lee, Jota Quest, Skank, Paulo Miklos, entre outros. Fez participações  em CDs lançados no Exterior, como Eletrobossa   Nights (Azul Music) e Brazilian Divas (Experience Records, lançado apenas no Japão), e no Brasil, nos CDs Cartola para Todos (MCD), Um olhar  Corciolli (Azul Music) e Rio 58  Roberto Coelho (MCD). Sua voz também se faz presente nos Documentários Pelé Eterno (2004), Cantoras do Rádio (Nov./2008) e Fiel, o Filme   documentário sobre o Corinthians, lançado em Abril/2009. Graça também integra desde Setembro de 2005, a Banda do Programa Altas Horas do Apresentador Serginho Groisman, que vai ao ar nas madrugadas de Sábado na Rede  Globo, com reprise aos Domingos às 16h30 pelo Canal  Multishow. Em 2007, lançou seu primeiro CD Solo De Virada, pela Gravadora Azul Music. Com este álbum, Graça Cunha foi indicada ao Grammy Latino em 2 categorias: Melhor CD de MPB e Artista Revelação. Também recebeu uma honrosa crítica de Nélson Motta ao seu trabalho, no Programa Sintonia Fina, que vai ao ar pela Rádio Eldorado FM. Lançou seu álbum Tiro de letra em dezembro de 2011

Foto: Roni Adame | divulgação
Meu corpo, minhas regras
A ação Meu Corpo Minhas Regras, de Jean Carlo Cunha do Coletivo PI, que acompanha as edições do sarau, agora recebe a narrativa de Iza Monteiro, contando sua trajetória para ser reconhecida como mulher, alargando as discussões de gênero. O trabalho questiona os padrões e imposições da cultura quanto ao uso do corpo. Trate-se de ações poéticas que dialogam com as questões em torno do universo feminino, onde a decisão do uso do corpo, deve ser pessoal e intransferível, nem da igreja, nem da família e nem do Estado. É uma frase que surge em meados de 2012 no movimento "Marcha das Vadias", e desde então é usada para uma série de protestos e manifestações feministas.


Talita Mochiute (mediadora)
Jornalista, possui graduação em Letras pela USP e Mestrado em Teoria Literária e Literatura Comparada com pesquisa em torno da obra Coetzee, com enfoque na figura do narrador. Tem experiência profissional na área de Jornalismo e Editoração. É parceria do Coletivo PI no Sarau de Literatura Feminina Contemporânea, assinando a curadoria em literatura e a mediação da conversa com as autoras.

17.5.15

Coletivo PI e Sobrenome Liberdade realizam projeto unindo intervenção urbana e poesia

Sobrenome Liberdade varrendo o Grajaú com poesias e a performance Contornos, do Coletivo PI na festa Venga Venga


Ações realizadas no bairro do Grajaú e centro de São Paulo fazem parte do projeto Transform your City. 

         Entre os meses de fevereiro e abril deste ano o Coletivo PI se uniu ao Sobrenome Liberdade para promover ações de transformação por meio da poesia e intervenção. Estas fizeram parte da projeto Transform your City, da Absolut. O objetivo geral do projeto era unir diferentes coletivos de artistas que movimentam o cenário cultural de São Paulo nas quatro zonas da cidade e criar ações que pudessem promover transformações nessas zonas. Na Zona Leste o Venga Venga trabalhou com Nelson Triunfo entorno da dança e da performance. O Bijari, de Desing e Vídeo, foi pra Zona Norte encontrar o coletivo C.I.C.A.S e a Escola Acadêmicos de São Jorge. O Metanol levou todo o seu conhecimento musical para o Quilombaque e na Zona Oeste e o Coletivo PI foi a até a Zona Sul trabalhar com o Sobrenome Liberdade. Um grupo que faz arte por meio da literatura e poesia.

         A partir da troca de experiências surgiu a ideia de promover uma sequencia de intervenções no bairro no Grajaú, local onde é realizado o sarau do Sobrenome. Essas ações envolveram poesia e performance. Após essas ações nas quatro zonas da cidade, todos os coletivos participaram de uma grande festa exibindo os trabalhos desenvolvidos durante esse período do projeto. O PI criou um pomar poético para as pessoas relaxarem durante a festa, um espaço para construção de poesias com palavras projetadas e apresentou a performance Contornos, que faz parte do repertório do coletivo. O pessoal do Sobrenome Liberdade recebeu o público com poesias dentro dos vagões do trem que levou todos para essa celebração da arte produzida em São Paulo.

         CONFIRA AS IMAGENS DO PROJETO  

TRANSFORM YOUR CITY

INTERVENÇÕES NO GRAJAÚ - 11/04/2015




FESTA VENGA VENGA - GIRAMUNDO - 18/04/2015
Fotos: Rodrigo Dionisio

10.5.15

Sarau do PI sobre Literatura Erótica, na Casa das Rosas



Foto: Roni Adame
Casa das Rosas foi pequena pra um assunto tão cheio de tesão. 

         Apesar dos tabus,discursos moralistas (ou falso moralistas), uma coisa é certa: sexo, fetiche, libidos, perversões, tesão ou qualquer outra palavra que você queria sugerir dentro do universo do erótico, sempre vai despertar, no mínimo, curiosidade. Nossas tensões e pulsões estão aí. Não dá pra fugir delas e estas são saudáveis e necessárias. Foi essa a tônica da segunda edição do Sarau do PI, sobre literatura erótica, na Casa das Rosas, realizado no último dia 25 de abril. O espaço foi pequeno pra tanta gente interessada nas conversas e performances que aconteceram neste dia. O Sarau praticamente se desmembrou em dois: um dentro da Casa das Rosas e outro na varanda da casa.

         As pessoas entraram e, sem nenhum aviso anterior, foram recebidos por Sweetie Bird, descendo da escadaria e se despindo para todos ao som de Ella Fitzgerald. A noite seguiu com o bate papo das autoras Ana Rusche e Juliana Frank. A conversa foi conduzida pela editora e mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada, Talita Mochiute e por Pâmella Cruz, diretora do Coletivo PI. As autoras falaram trechos de suas obras e conversaram sobre o lugar da mulher na literatura e, principalmente, no ambiente erótico e se realmente deveria haver esse tipo de subdivisão na literatura.

The Lap Dance Is Present. Foto:Roni Adame
         Enquanto o bate papo acontecia dentro da Casa, o performer Marcelo D'Avilla, recebia o público em sua performance "The Lap Dance Is Present". Uma pessoa sentava numa cadeira, colocava um fone de ouvido onde tocava uma música do repertório do performer que ouvia exatamente a mesma música. Apenas os dois ouviam a melodia e quem ousava sentar naquela cadeira recebia uma dança individual do performer Marcelo, criada a partir do estímulo do espaço, da música e de quem estava a sua frente.

         Após a primeira abertura de microfone, todos foram para o lado de fora da casa assistir a ação Banquete ObseNU, com Marose Leila e Barros Batista. As pessoas se acomodaram aonde tinha espaço e a apresentação foi um sucesso. Após a ação, dentro da casa novamente, foi exibido o vídeo Amor [Sem Título], de Priscilla Toscano. A tela pintada a partir da performance que deu origem ao vídeo permaneceu em exposição durante todo o sarau. A diretora conduziu um bate papo sobre seu trabalho com os interessados e, após esse momento, Marcelo D'Avilla, também conhecido como Sete de Ouros, esperava a todos no jardim da Casa das Rosas para apresentar a performance Kátia Flavia.

         Esta edição do Sarau foi, literalmente, GOSTOSA!!! Muitas pessoas falando de um assunto que gera uma arte às vezes subjulgada, mas que possui, na verdade, força e beleza. A próxima edição do Sarau do PI será dia 30 de maio. O tema será Literatura Marginal.

Confira as imagens do II Sarau do PI - Literatura Feminina Contemporânea

LITERATURA ERÓTICA

Fotos: Roni Adame


Por Chai Rodrigues