Foto: Rodrigo Dionisio |
Quando o Coletivo PI propôs a Funarte
o projeto Entre Saltos, o intuito era mostrar, por meio da performance e das
artes visuais, a capacidade de criação
artística e a força do feminino. Para isso, todas as mulheres foram convidadas
a participar, independente de profissão, classe ou histórico. Em São Paulo, em 22
de fevereiro, foi realizada a performance que encontrou com o grupo feminino
Ilú Obá de Min no Vale do Anhangabaú. A segunda performance foi realizada no
bairro Jardim Itatinga, em Campinas – SP, considerada a maior zona de
meretrício da América Latina.
A primeira pergunta repetida por
pessoas da área da cultura ou não foi “Por que fazer no
Itatinga?”. A pergunta
que o Coletivo PI devolve é “Por que não no Itatinga?”. A proposta de fazer
essa ação no bairro partiu da equipe de programação do Sesc Campinas e o PI
logo aceitou o desafio, afinal, Entre Saltos visa exatamente dar lugar de ação para
qualquer mulher que se sinta a vontade para performar. Por que não fazer a
performance em um local que concentra 2000 mulheres? O trabalho foi dividido em
duas vertentes: o Coletivo PI ministrou uma oficina de Intervenção Urbana e um
bate papo sobre feminilidades e a cidade no Sesc Campinas e esteve no Itatinga várias
vezes para divulgar a Performance e ficar de plantão para explicar para as
moradoras o objetivo e a sequência de ações.
Foto: Rodrigo Dionisio |
Para isso, foi necessário o apoio da
Associação das Mulheres Guerreiras e da Pastoral da Mulher Marginalizada que colaboraram
na divulgação e estrutura necessárias para que o Sesc e o Coletivo PI fizessem
esse trabalho. Foram três dias de plantão para que as meninas pudessem conhecer
a performance Entre Saltos e para que o PI também conhecesse as meninas do
Itatinga. No Sesc foram dois dias de encontros.
E o resultado concretizado em 14 de
março de 2014 foi incrível. Cerca de quarenta
mulheres, estudantes, artistas, jovens,
profissionais do sexo, missionárias, idosas, travestis, negras, brancas,
obesas, altas, magras... todas juntas pelo simples, ou nem tão simples, fato de
serem mulheres. Por terem sua essência baseada no feminino e carregarem, por
isso, impulsos artísticos, questionamentos e repressões frutos de sua condição
feminina. Naquele momento não haviam diferenças entre quem era quem e essa é a
força dessa performance. Ao final, a escultura desenvolvida com os sapatos foi
um emaranhado destes sobre o parapeito da passarela de pedestres em frente ao
bairro.
Foto: Rodrigo Dionisio |
As opiniões foram diversas, dentro e fora de todas as
instituições envolvidas nessa ação, mas para o Coeltivo PI, o resultado foi extremamente
positivo pelos desafios de trabalhar com intervenção urbana, os questionamentos
que colocam o pensamento artístico e social em foco e, principalmente, pelas
pessoas que passarão a fazer parte da história deste coletivo.
Mais fotos da performance Entre Saltos - Campinas/SP, 14/03/2014.
Imagens: Rodrigo Dionisio
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