A intervenção urbana é uma forma de arte cujo objetivo é interagir, de maneira criativa e poética, com o espaço cotidiano e as pessoas. As intervenções são capazes de reinventar, ainda que momentaneamente, novos sentidos ao espaço escolhido e suscitar novas percepções às pessoas.

14.7.15

Coletivo PI fecha ciclo de saraus sobre literatura feminina contemporânea na Casa das Rosas

Foto: Roni Adame
Foram quatros meses e quatro eventos que promoveram bons encontros. O Coletivo PI se despede da Casa das Rosas após os Saraus sobre Literatura Feminina Contemporânea. Antes o Sarau do PI era realizado na antiga sede do Coletivo na zona norte da cidade, com um caráter informal e livre, no qual eram reunidas linguagens artísticas com prioridade para a cena e a música. Foi um passo importante propor para a Casa das Rosas o Sarau do PI com foco na literatura feminina contemporânea, pois isso proporcionou a abertura de um espaço para discutir questões relacionadas à construção de gênero, eixo principal das pesquisas e criações artísticas do grupo.

Os temas escolhidos não foram por acaso, Poesia e crônica, Erótico, Periferia e Dramaturgia, todos envolvendo a temática do feminino, desenvolvidos e planejados para correlacionar com os objetivos do PI. Performances, músicas e principalmente as autoras convidadas, construíram um ciclo de conhecimento, que pudemos compartilhar com os visitantes da Casa.

Para Natalia Vianna, o Sarau do na Casa das Rosas foi um processo de aprendizagem e descoberta: "A cada edição, a possibilidade de conhecer e dialogar com artistas e não artistas a partir de anseios e temas em comum foi como abrir um intervalo no tempo. Um intervalo poético, de reflexão, de apreciação, de boas conversas, de risadas, um intervalo para ouvir mais do que falar. Um momento de respiro no meio de uma rotina tão massacrante de uma megalópole como São Paulo. Além das pessoas carinhosamente convidados e do público aberto e bem disposto, a própria Casa das Rosas nos transporta para um outro lugar, um outro tempo... O gostinho de quero mais ficou em cada edição... Mas isso é boa coisa boa, pois deixa em nós a vontade de que momentos como esses se repitam, e a certeza de que eles são cada vez mais necessários na vida contemporânea".

A partir da direita: Pâmella Cruz, Maria Giulia Pinheiro,
Paloma Franca Amorim e Talita Mochiute. Foto: Roni Adame
Em todas as edições a participação de Talita Mochiute foi fundamental. Mestre em Literatura Comparada, ela conduziu junto com Pâmella Cruz as conversas com as escritoras convidadas. Das conversas que abriram cada sarau uma fala ecoou pela Casa das Rosas: quando se produz literatura o mais importante é a doação de energia e a sinceridade ao escrever, não ser mulher, homem ou o que for. A oportunidade de eventos como este é boa para conhecer pessoas que possuem os mesmos desejos e base de temas para a criação, mas é preciso sempre explodir com as "caixinhas" que tentam colocar as pessoas em nome de poder e lógicas de mercados consumidores. "Não classifico meus autores favoritos em mulheres ou homens, nacionais ou internacionais. Escolho (ou eles me pegam pelo pé, como adoro dizer quando me percebo amando uma história) pela afinidade, pela forma como me reconheço neles e como, juntos, pensamos a vida e o mundo. A experiência do Sarau do PI intensificou pra mim que é isso que importa: o que a arte tem a dizer. Mas como artista, ele instigou outra questão: quem tem espaço para falar? E este espaço é menor para as mulheres. Então há algo aí para se pensar. Como conseguirmos criar espaços para produção e exposição que sejam pra todos, independente do gênero". Afirma Chai Rodrigues.

Para Priscilla Toscano, outro fator que enriqueceu as vivencias nas quatro edições do projeto foi o público: "A Casa das Rosas por estar situada na Avenida Paulista, além de possuir um público cativo consumidor de literatura, também atrai diversas pessoas, dos mais diferentes perfis. Isso foi uma delícia principalmente nos momentos em que propusemos a interferência de performances, cenas performativas e vídeo performances. Momentos que, na minha avaliação, assaltaram um público extremamente plural".

Foram momentos de expor o que o Coletivo pensa e produz sobre e, principalmente, descobrir e valorizar a produção artística de uma mulherada criativa e ativa nas tentativas de fazer arte e se colocar no mundo. Além de perceber que, para além da biologia, o feminino é um tema para todos os artistas e eles aderiram ao sarau de peito aberto. Foram quase trinta 30 apresentações nos diversos gêneros artísticos e plataformas. Para Pâmella Cruz, o melhor do Sarau foi a oportunidade do encontro: “O sarau aproximou escritoras, artistas, pesquisadores e interessados na temática, revelando de forma sensível e poética a produção feminina atual, alargando o campo de reflexão sobre as questões de gênero, sobre a disputa por representação, sobre igualdades e idiossincrasias, criando uma trama de vozes, desejos, corpos e silêncio.  Para mim, o mais importante do sarau é que ele encurtou as distâncias, dissolveu as barreiras, promovendo o encontro de ideias, realidades e vontades, porque é exatamente aí a potência da literatura, da arte: criar novas realidades possíveis, tornar visível o invisível, e o desejo futuro um sonho presente”.

      O Sarau do PI foi um projeto proposto em 2014 para o edital de Saraus Culturais na Casa das Rosas, promovido pela Poiesis e “este trabalho não seria possível, sem os 6 PI’s, sem os encontros que foram proporcionados nos Saraus e nas  incríveis histórias que acabamos conhecendo. Passamos por todas as etapas juntos, escrevemos, criamos, produzimos e finalizamos juntos, como um Coletivo”, afirma Mari Sanhudo.  Fechamos o ciclo deste projeto, mas ainda temos várias ações previstas do PI para 2015. Os interessados podem acompanhar a agenda do site do PI para saber mais sobre nossos trabalhos. Obrigada a todos por fazerem do Sarau do PI um grande projeto e até a próxima!

Confira as fotos do último Sarau do PI na Casa das Rosas

SARAU DO PI - DRAMATURGIA FEMININA
Fotos: Roni Adame


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