Lançado
em 2012, a obra mostra os principais trabalhos do artista paulista e seu
processo de produção e repercussão.
Capa do livro Manual de Intervenção Urbana |
As utilizações das artes como Pintura, Escultura,
Teatro, Dança, Cinema, Música, Literatura... desenvolveram diversos contornos,
brechas e misturas ao longo do processo de modernização. Hoje, encaixar essas
manifestações em um único nicho e também seus criadores tem se tornado cada vez
mais difícil. O que se configura como positivo para os artistas mais
contemporâneos e uma afronta para os mais conservadores. A partir da cidade de
São Paulo, o artista Eduardo Srur cria diversas intervenções urbanas utilizando
recursos das artes plásticas, arquitetura, escultura, performance entre outras expressões.
Em 2012, suas principais obras, feitas durante 16 anos de carreira, foram
reunidas no livro Manual de Intervenção
Urbana, lançado pela Bei Comunicação.
As primeiras páginas tratam da criação em tela de
Eduardo. No correr das páginas percebe-se a transposição para as ruas. A
Intervenção Urbana ainda é um conceito muito novo, mas que ganha cada vez mais
adeptos. Alguns artistas estendem para a cidade suas criações e fazem do espaço
urbano uma plataforma de trabalho, confronto e poesia. Todos os sentimentos juntos
na tentativa de tornar esse local de convivência em real local de convivência.
O artista paulista Eduardo Srur defende a ocupação da cidade por todas as
pessoas quando afirma: “Faça uma ação com
poder, tome o espaço para si, construa uma causa que seja de todos, jogue os
dados e avance cinco casas, convoque a comunidade para vivenciar a dificuldade
e a alegria, domine a técnica diante de todos os obstáculos, deixe flutuar
sobre a água, permita que todos participem da arte, jogue os dados e avance até
o infinito” (SRUR, 2012. pag. 140).
Intervenção Âncora Fonte: eduardosrur.com.br |
O livro é dividido em capítulos como se fossem
regras a serem seguidas: Conheça o
Território, Meios de Transporte, Pesquisa e Uso de Materiais, Pesquisa e Uso da
Cidade. A leitura é dinâmica, os textos são curtos e as imagens se
explicam. Eduardo realizou a maioria de seus trabalhos na cidade de São Paulo.
Todas foram desenvolvidas baseadas no que os cidadãos dessa cidade precisam
pensar ou mesmo para entreter: questões ambientais, projetos culturais e
comerciais na cidade a fim de estimular a relação dos moradores com o espaço. A
subjetividade deve estar acima do espaço físico: "Para a psicogeografia, o espaço urbano é composto não apenas de
edifícios, vias, viadutos e avenidas. O que percorre essa descrição mais
evidente de uma cidade é algo menos palpável. As cidades podem ser imaginadas,
projetadas, executadas, mas seu funcionamento, seus regimes de força são
determinados por uma cartografia emocional. O que é amado ou detestado – a área
proibida ou francamente aberta – é determinado por questões que avançam para
além das estruturas físicas, expandem-se em um horizonte muito maior do que
aquele que os olhos alcançam”.(SRUR, 2012. Pag. 103)
O livro mostra o processo de produção dos
trabalhos, sua instalação, os materiais utilizados, a repercussão na mídia,
histórias e curiosidades de cada obra como, por exemplo, a intervenção Âncora.
O objeto foi colocado no Monumento às bandeiras em 2004. Lá ela permaneceu por algumas
semanas. Quando Eduardo e sua equipe foram recolher a âncora foram impedidos pela
guarda municipal que alegava estar defendendo o patrimônio público.
O legal e o ilegal
Intervenção Touro Bandido, 2010 Fonte: eduardosrur.com.br |
Para a maioria de suas performances ele buscou
autorização de órgãos públicos para o desenvolvimento dos projetos. Em outros,
não pedir autorização tornou-se um posicionamento político por acreditar que a
cidade precisa ser ocupada pelas pessoas e suas vivências. Uma das melhores
passagens do livro está relacionada à intervenção Touro Bandido. Em 2010, durante a exposição CowParede na Avenida
Paulista, Eduardo instalou durante a noite e sem autorização, dois touros sobre
as vacas produzidas para a instalação. A repercussão foi imensa e o artista
teve que responder pela intervenção no 15º Distrito Policial do bairro Itaim
Bibi. Os organizadores da CowParede o acusaram de danificar as vacas expostas.
A resolução do caso encontra-se na íntegra no livro onde defende que nada foi
danificado e “o declarante não buscou
autorização legal para expor o ‘TOURO BANDIDO’ por ser uma estratégia de
artista necessária para a própria exposição pública da obra, entendendo que se
buscasse autorização dos órgãos públicos competentes, não haveria tempo hábil
para realizar seu trabalho. Nada mais. Lido e achado conforme vai devidamente
assinado por todos e por mim Escrivã que o digitei”. (SRUR, 2012. Pag.156).
Para os querem aprender mais sobre intervenção
urbana, o livro pode auxiliar a compreender melhor a dinâmica das ruas e suas
implicações na criação artística. O livro Manual de Intervenção Urbana pode ser
adquirido em livrarias e sebos.
SRUR, Eduardo. Manual de intervenção urbana.
São Paulo: Bei Comunicação, 2012.
Por Chai Rodrigues